Datas comemorativas e sua função sócio-histórica na instituição - ESCOLA
Mês de abril, repleto de datas historicamente comemoradas
na instituição escola – Dia Nacional do Livro Infantil; Dia do Índio; Dia do
Exército Brasileiro; Tiradentes; Descobrimento do Brasil; Dia da Educação, entre
outras... Cada uma com sua característica histórica e cultural, enchendo de
significados a história da civilização. Para
Zamboni, “a reconstrução do passado é inteligível quando situado no universo
conhecido pelo aluno e diretamente relacionado a seus interesses” (2002, p.
73). A partir dessa premissa reforça-se o fato de que o trabalho com as datas
comemorativas revestem-se de significados porque estão relacionados direta ou
indiretamente com o contexto ao qual os aprendizes estão inseridos.
À escola como parte integrante desse universo social,
cabe desenvolver uma consciência pedagógica com ênfase sobretudo no respeito a
diversidade etno-cultural existente no cotidiano da sala de aula. Conforme Forquin
(1993), pode-se identificar um “mundo social” em cada escola, definido pelo
autor como as “características de vida próprias, seus ritmos e ritos, sua
linguagem, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de
transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de símbolos”
(FORQUIN, 1993, p. 167). Sendo assim, há uma certa autonomia em sua maneira de
trabalhar os conteúdos propostos por cada data comemorativa, contudo percebe-se
a necessidade de um planejamento prévio sobre os mesmos que envolvam processos
de ensino e aprendizagem levando os alunos a compreenderem o que e o porquê
participam de determinadas atividades.
Segundo Paulo Freire, todo ato de educação é um ato
político no qual não existe neutralidade, portanto todo discurso de sala de
aula está fadado a constituir relações específicas de quem está atuando,
mesmo que essa não seja a intenção. Num contexto de escola em constante transformação
as datas comemorativas retratam um cenário de lutas e conquistas que foram ou
estão sendo travadas por um determinado grupo social, o que gera momento de
expressiva reflexão de quem sou ou o que sou na sociedade e nas atividades as
quais faço parte, fortalecendo o desenvolvimento de um aluno crítico e
consciente desde a tenra idade.
As diretrizes curriculares, as propostas pedagógicas,
a organização dos conteúdos, as metodologias, os objetivos, enfim os itens
que, de certa forma, compõem as narrativas do currículo, auxiliam na
constituição de identidades na medida
em que essas narrativas são levadas para dentro das salas de aula por meio dos
diferentes discursos.
E você professor? Que identidade tem construído em sua
sala de aula?
Alessandra Dedéco Furtado Rossetto
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FORQUIN,
J. C. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento
escolar. Tradução: Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
ZAMBONI, E. O Ensino de História e a Construção de
Identidade. In Boletim Pedagógico/PROEB 2001. UFJF/CPPAE. 2002.
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